Um oi pra quem ainda nos lê! E um bem-vindo pra que está “vindo”!
Eu sei que não ando registrando muito a nossa vida
ultimamente. Mas garanto que dá um belo livro de tantas aventuras que
aconteceram nos últimos 5/6 anos, desde a gravidez da Nina.
Assim como tem coisas maravilhosas, tem épocas difíceis. Mas
no geral podemos dizer que estamos ótimos e superando cada obstáculo dessa vida
(e tentando evoluir para as próximas, quem sabe!).
Mas eu vim aqui contar sobre um assunto que amadurecemos (enquanto
casal) desde muito antes de a Nina ser concebida, quando começamos a pensar em
aumentar a família: a adoção!
Eu, enquanto pessoa única, sempre tive essa vontade dentro
de mim: adotar! Mas se eu tenho um companheiro, ele também tem que ter esse
mesmo desejo. Então fomos conversando, conversando, plantando a ideia, regando,
alimentando, adubando... e um belo dia ela nasceu. A vontade dos dois falou
mais forte e entramos com a documentação para nos habilitarmos.
Vale lembrar aqui que tive muita dificuldade em engravidar.
Nina foi gerada naturalmente depois de 3 FIVs negativas, quando a gente estava
indo para o quarto tratamento (de FIV, porque teve outros antes, como indução
de ovulação). E Nina veio como um milagre, forte, numa gestação tranquila e
saudável. Nasceu em julho de 2012, também tranquila e saudável.
Em janeiro de 2015 eu engravidei novamente. E naturalmente.
Mas com 10 semanas de gestação, sofri um aborto espontâneo. Foi uma gravidez
anembrionária. E foi aí que eu decidi (porque o corpo é meu, então... meu
corpo, minhas regras!) que não ia mais querer engravidar e que se fôssemos
mesmo ter mais filhos, seria pela adoção.
A essa altura, Nina, com 2 anos e 8 meses, já tinha sido
promovida a irmã mais velha e tal. E foi a pessoa que ficou mais triste com a
perda. Ela queria muito esse irmão/irmã. E falamos que ele não viria mais. Para
ela foi dolorido. Mesmo pequena, ela entendeu.
Nesse mesmo ano e em 2016, passamos por alguns obstáculos e
deixamos o assunto “aumentar a família” em stand
by.
E, obstáculos vencidos, em novembro de 2016 entramos com
pedido de habilitação para adoção. Em maio de 2017 aconteceu a primeira reunião
de acolhimento, a inicial. Em junho, fizemos uma entrevista com a assistente social,
em julho, a entrevista com a psicóloga. Em agosto, fizemos a última reunião, de
fechamento e em setembro recebemos a habilitação. Foram 10 meses de processo para
estarmos aptos a entrar na fila de espera.
Pelo nosso perfil, nos deram uma expectativa de 3 anos até sermos
chamados. E tudo bem. Já sabíamos, quando entramos, que poderia levar uns 5
anos todo o processo.
Falando do nosso perfil, queríamos uma criança com idade
entre 3 anos e 5 anos e 11 meses, indiferente de sexo e cor/raça.
Nina sempre soube da nossa opção e desde que entramos com a
documentação, já conversamos com ela. Pois ela ainda pedia um irmão. Eu só
falava para ela que sim, ela teria. Mas teria que ter paciência porque a mamãe
aqui não teria mais filhos na barriga. E que ela teria um irmão/irmã que não
viria para casa bebê. Seria mais grandinho já, mas olhando pelo lado bom, já
seria companheirinho dela para brincar, entre outras coisas.
No início ela queria que fosse bebê, mas fomos conversando e
ela aceitou bem. A psicóloga só recomendou que o segundo filho fosse mais novo
que ela para não haver perda de status dentro da hierarquia de irmãos.
E assim, a vida seguiu seu curso. Nina pedindo por Seu Juiz
mandar logo o irmão/irmã... a gente tentando contornar a ansiedade dela... e a
nossa. Levando uma vida normal, já que a expectativa de nos ligarem e dizerem “chegou
a vez de vocês” era de anos luz à frente.
E também não contamos muito para as pessoas. De ansiedade,
já chegava a nossa!
Passados 3 meses, minha tia, que estava na fila há uns bons
anos já, foi chamada: Ela ouviu “chegou a vez de vocês”. E ela vou conhecer V.
No abrigo, contaram para ela que V. tinha mais 3 irmãs e uma delas era o nosso
perfil. Minha tia não sabia muito bem em que estágio estávamos do processo, se
estávamos ou não habilitados, mas comentou que tinha uma sobrinha que, achava
ela, estava habilitada para adoção da irmã de 3 anos. Mas enfim que ela
conheceu V. e V. foi para a casa dela fazer adaptação.
Minha tia me falou que V. tinha uma irmã de 3 anos e, no
começo eu não entendi muito não... fiquei perdida. Pensei que recém havíamos
sido habilitados, e não teríamos chance alguma. E em janeiro, tentamos. Mais
que um não, a gente não ia receber... e foi o que aconteceu. Recebemos um não.
O motivo: respeitar a fila. Ótimo, ninguém queria furar fila. Só queríamos que
as duas ficassem perto. Me conformei.
Uns dias depois, nos procuraram para falar novamente sobre o
assunto e nos pediram as habilitações (porque elas são individuais da pessoa,
embora nosso processo foi para adoção conjunta). Enviei. Falaram que tinham
reavaliado a situação, por serem irmãs e poderem ficar próximas (óvini, né
gentchi) e tinha feito pedido para o Seu Juiz autorizar a aproximação.
E 10 dias se passaram até que recebemos a notícia de que
podíamos visitar A.
Acho que não estamos acreditando. Era muita sorte. Não, não
era sorte. Era destino! A adoção da minha tia acelerou a nossa por um bem
maior: as irmãs poderem crescer juntas.
E lá fomos nós! O abrigo ficava a 400 km de casa. Fomos no
domingo de manhã e voltamos à noite. Chegamos no abrigo às 15 horas conforme
combinado, após o sono da tarde dela. Chegamos nós três. Entramos. Esperamos e A.
entrou na sala. Toda tímida e com medo. Se sainha jeans, sandália, regatinha e
com um rabo de cavalo. Nina, despachada, já puxou assunto, contando a vida dela.
Peguei A. no colo, com calma e ela ficou.... Conversamos, perguntamos se ela
queria passear na nossa casa. Mostramos fotos da Mona, do Fredo e do Fidel.
Logo ela foi se soltando. Foi para o chão brincar com Nina. Tomaram água
juntas. Ficamos mais ou menos uma hora com ela, sob a supervisão da
coordenadora do abrigo.
Pedimos para a coordenadora para solicitar ao Seu Juiz que
pudesse nos visitar. Ele autorizou a passar 15 dias conosco, podendo renovar
para mais 15 dias. Cinco dias depois fomos buscá-la. A. estava nos esperando
com suas coisinhas na mochila, deu tchau para os amigos, para as cuidadoras e
seguimos viagem para casa.
A viagem foi tranquila, paramos nos avós paternos. Ela amou
tudo. Foi muito bem recebida e até churrasco o vovô fez. Jantamos e seguimos
para casa.
Era o início da adaptação de A. era ao início da grande aventura para todos!
(continua...)