Adaptar significa habituar, ambientar, integrar, acomodar, conformar, acostumar, harmonizar.
E já posso adiantar que fazer tudo isso não é fácil, não. E
a adaptação é de todos: da criança, da família, dos pets, do ambiente, dos
amigos. Claro que, primeiramente, da família. Mas ninguém vive numa bolha.
Então, inevitavelmente, outras pessoas entrarão nessa adaptação.
Encontrei um texto muito legal sobre o assunto e compartilho
aqui
para quem quiser ler.
Agora vou falar um pouco da nossa adaptação.
Primeiramente, acredito que nenhuma adaptação seja fácil. E,
para mim, pensar assim me prepara melhor para não achar que tudo vai ser um mar
de rosas, para, depois vir o sofrimento. Eu lido melhor com as coisas assim.
Não é sofrer por antecedência. E realmente não gerar uma expectativa de que vai
ser tudo lindo e maravilhoso, porque sabemos que não é!
E felizmente, minha tia me ajudou muito. Ela compartilhou
comigo a adaptação deles e isso me fazia pensar que “ia passar”. E passou.
Passa. Tenha sempre certeza disso. Quando se apavorar e não saber para onde
correr, pense: “Passa! ”.
E o processo de adaptação é exatamente como quando a gente
muda nossa rotina por qualquer motivo. Por exemplo, quando Nina nasceu, cheguei
em casa e pensei: “E agora? O que faço? Para onde corro? Como vai ser minha vida
agora? Nunca mais vai voltar a ser como era antes? ”... e por aí vai. São
muitos questionamentos.
E com a nossa adaptação não foi diferente. Ainda estamos nos
conhecendo. É verdade. E vai um tempo até a gente se conhecer bem...
Na prática mesmo, os primeiros dias foram nada fáceis. E eu
acho que foi porque mudou tudo em casa. Um filho só em casa é muuuuito
diferente de dois filhos em casa. Pais de dois confirmarão! E não estamos
falando de um segundo filho que vem bebezinho, que não fala, fica deitadinho no
mesmo lugar, mas interage nesse estágio. E eu sei, têm os desafios do bebê
também.
Estamos falando de uma adoção tardia, que traz uma bagagem
junto. E sim, isso é normal. Temos que aprender a lidar. E ir contra a
correnteza só nos fará sofrer. Quando escolhemos o perfil da criança, temos que
ter consciência disso. E eu sei que não temos total consciência. A vivência nos
mostra isso.
Voltando aos primeiros dias, eu me vi perdida com duas
crianças em casa. Eu tirei férias. Duas semanas. Marido não pode tirar porque estava
substituindo um colega que já estava em férias. Nina ficou em casa, de férias
da escola. Eu achei que não fazia sentido adaptar A. sem a irmã. Iria ser uma
adaptação minha e dela só. Foi mais difícil e trabalhoso, mas foi de uma vez só
e passou. Confesso que a adaptação dela com o pai demorou um pouco mais, e funão
de ele não estar em casa. Mas, tempo recuperado com sucesso já.
Somado à adaptação, tive que iniciar o desfralde. Sim, ela
ainda usava fralda. E eu tenho vergonha de contar e só me dei conta depois
estava na TPM. E a gente acha que tá preparado... Tá não, coleguinhas! Tá não!
Desafios a toda hora... teu filho te chamando de tia/tio e
você dizendo: é mamãe, é papai.
Desfralde. Rotina. Brigas. Teimosia. Muita curiosidade. E tudo isso você
tem que dosar, porque tudo é novidade para o teu novo filho. Ele não tinha
contato com aquela vida. Ele está ali porque você quis muito. Você foi lá e
disse que o queria. Ele não pediu para estar ali. Ele nem tem noção que estar
ali vai ser bom para ele. Aliás, o que ele mais quer, no início, é voltar para
o abrigo. Você faz de tudo e no fim do dia ele quer os amiguinhos do abrigo. E você
tem vontade de desabar. De chorar. Está cansada. Mal comeu. Está suja, descabelada,
dói tudo. Gente é um puerpério sem tirar
nem por. Sem glamour algum.
Até esse momento, pouquíssimas pessoas sabem do processo. É arriscado
contar. E se não der certo?
Passados os 4 primeiros dias, as coisas vão melhorando. Todos
criam uma nova rotina. Teu novo filho não entra na tua rotina. Mas uma nova
rotina é criada para acomodar a todos.
Ainda tem o desafio de aproximação com o pai, que passa o
dia fora. É cara feia para o pai, olhar de desconfiança, choro... e aí chega o
final de semana... e aí o pai está presente e fica junto e as coisas vão
melhorando.
E 8 dias de adaptação já haviam se passado... ainda tínhamos
7, e podemos pedir mais 15. Mas com 8
dias decidimos pedir a guarda provisória. Demos por finalizada, de nossa parte,
a adaptação. Tudo, exatamente tudo que estava acontecendo nesse momento, era
algo normal de uma família de dois irmãos. E já estávamos adaptados a isso, que
no início parecia o caos, mas nada mais era do que uma nova família se conhecendo
melhor para se habituar, ambientar, integrar, acomodar, conformar, acostumar, harmonizar.
E aí solicitamos a guarda da A.
(continua....)
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